sábado, 4 de fevereiro de 2012

População da Bahia continua tensa, violência aumenta e negociações com a PM avançam

 

Publicado em 04.02.2012, às 09h28


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Policiais grevistas se reúnem na frente da Assembleia Legislativa da Bahia
Foto: Gustavo Maia / NE10/Bahia

Gustavo Maia Do NE10/Bahia
Mesmo após a chegada de 2.300 homens da Força Nacional de Segurança e do Exército Brasileiro à Bahia, a população do Estado continua tensa em decorrência da greve da Polícia Militar (PM). Esta sexta-feira (3) foi marcada por saques, ruas esvaziadas e número de homicídios acima da média na Região Metropolitana de Salvador. Houve 28 assassinatos em menos de 24 horas. Foram registradas também 58 roubos e furtos de veículos e seis assaltos a ônibus. Enquanto isso, negociações que indicam o fim da greve da Polícia Militar (PM) avançaram, segundo líderes de entidades que representam a categoria.

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Durante todo o dia, o clima pesado reinou também em frente à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), onde os grevistas que iniciaram o movimento estão desde a última terça-feira (31), quando decretaram a paralisação. Havia a informação de que a Força Nacional iria invadir o local para retirá-los à força e cumprir um mandado de prisão contra o líder do movimento, o presidente da Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marcos Prisco. Graças a negociação entre representantes de outras entidades e de deputados estaduais, a ação militar - que já se anunciava trágica, já que os grevistas prometiam revidar - não aconteceu.
 
Na manhã deste sábado, está acontecendo outra rodada de negociações de associações da PM com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado. A Aspra, que segundo o governo radicalizou antes de negociar, não participou da reunião, mas, segundo Prisco, está sendo consultada por telefone frequentemente. "Esta não é uma greve da Aspra. É de toda a Polícia Militar da Bahia", declarou nesta sexta. Segundo ele, aproximadamente 90% da tropa em todo o Estado aderiram à paralisação, que é motivada pelo não cumprimento de acordos feitos com o goveno estadual. "Queremos apenas que eles cumpram o que já nos foi garantido por lei, pagamento da Unidade Real de Valor (URV) e do Gratificação de Atividade Policial (GAP) 5", explicou Prisco, que foi um dos líderes da greve de 2001.
O Governo do Estado, em uma tentativa de minimizar o movimento, informa que um terço do efetivo da PM está parada. Isso significa cerca de 10 mil policiais, já que a corporação conta com aproximadamente 30 mil homens e mulheres. A discrepância no número é atribuída pelos dois lados como exagero das partes, para mais ou para menos. A reportagem do NE10/Bahia percorreu algumas das principais avenidas da capital baiana na tarde desta sexta-feira e encontrou menos de cinco viaturas da PM. Grevistas denunciam que, os que foram para as ruas são alunos, que ainda não têm capacitação para atuar, e oficiais de patentes mais altas. No início da madrugada deste sábado (4), a Força Nacional patrulhava ostensivamente as ruas do município.
Nesta sexta à tarde, por decisão judicial, a sede da Aspra, localizada no centro de Salvador, foi lacrada. O isolamento contou com o apoio da Polícia Civil. De acordo com o Governo do Estado, o oficial de Justiça que responsável pela comunicação da ordem, a solicitação, feita pelo Ministério Público, visa à garantia da ordem em Salvador e no interior do Estado, abalada pelo que foi considerada uma onda de vandalismo e teria sido praticada por integrantes da Aspra. O líder da associação nega veementemente que os associados tenham participado de atos de desordem. "Estas pessoas que estão cometendo crimes nas ruas do Estado não fazem parte da Aspra. Eu recomento que quem fizer isso seja preso. O Governo não diz que tem tanta polícia na rua?", questionou Prisco.
O pronunciamento do governador Jaques Wagner em cadeia regional de rádio e TV, na noite desta sexta-feira, foi muito mal vista pelos grevistas. No discurso à população, ele atacou o movimento paredista da PM dizendo que os policiais usaram "métodos condenáveis" e difundiram o medo na população, chegando "a causar desordem em alguns pontos do Estado". e tentou tranquilizar a população baiana. "Não aceito que um pequeno grupo, de forma irresponsável, cometa atos de desordem para assustar a população. A PM da Bahia não pode permitir se transformar em instrumento de intimidação e desordem", atacou Wagner. Ao fim do discurso, os policiais que ouviram o pronunciamento vaiaram e xingaram o governador. 
NEGOCIAÇÃO - Em um gesto que, segundo os líderes da greve, deve indicar a boa vontade dos policiais para a negociação, as 16 viaturas da PM que estão retidas em frente à Assembleia Legislativa desde a última quarta-feira (1º) serão devolvidas na manhã deste sábado. "Não podemos ser intransigentes. Temos que ter inteligentes para que as negociações continuem", argumentou o presidente da Aspra aos colegas, que aceitaram a devolução.
Por decisão da presidente Dilma Rousseff, está prevista para as 10h (de Brasília) deste sábado, a chegada à Salvador do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general José Carlos De Nardi, da secretária Nacional da Segurança Pública (Senasp), Regina Miki, e do diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. Eles irão acompanhar as operações que as Forças Armadas estão desenvolvendo na Bahia, em apoio às polícias Civil e Militar do Estado.

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